terça-feira, março 29, 2005

Sem Vida

O azul do seu olhar procurava no pôr do sol uma razão para a imensa tristeza que a invadia quando lembrava o passado. Naquelas horas que não morrem, descia à praia e procurava, naquela luminosidade particular, embalar a sua dor ritmada pelo suave marulhar. Aí sim, tentava descobrir a origem das suas lágrimas salgadas que choravam a eternidade de um olhar que se apagara sem um adeus.
Quando o vento soprava tentava cicatrizar feridas que não lhe permitiam viver de recordações. Chorara tantas noites na solidão, que agora nada mais lhe restava que a esperança de não deixar morrer o seu sorriso.
E, enquanto a areia lhe escorria por entre os dedos, tentava interpretar os murmúrios ansiosos que os sonhos lhe gritavam. Não se tratava, porém, de mais uma preversão, queria apenas aprender a escutar o que o seu amor lhe tentava transmitir através de dos contornos esfumados de um sonho, que se repetia noite após noite sem descanso...
A lua confirmava-lhe o que sentia, que não passava de mais uma alma solitária rodeada de tanats outras, lutando para alcançar o equilíbrio emocional, juntando um a um os cacos de um coração dilacerado por tão injusta perda.
Continua sentada numa qualquer praia, tentando aceitar que o amor é mais forte que o orgulho, esperando a sua alma gémea. E a lua está lá para a lembrar de todas as mortes prematuras.
[para o Fernando Couto(Peewee), Bruno Ricardo(Russo) e Carlos(Mx)]
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