Na mercearia, eu, Lua, dona, ucraniana linda e velhote
velhote: E quem é aquela ucraniana?
dona: Deixe-se de ideias homem!! Ela tem marido e um filho rapaz. Olha agora a ideia dele! Deixe-se disso homem!
velhote com ar sonhador: ahhh é que eu gostava tanto dela para mim...
E eu fiquei ali entre o maravilhada e o enojada com a conversa daqueles dois. Olhei para a ucraniana e sorri dizendo-lhe boa tarde. Que a conheço. Que a admiro. Que não a queria ver envolvida em tão despropositada conversa.
E de mim para mim lembrei o dia em que o velhote me perguntou se eu era ucraniana ou brasileira (devo ter uma mistura de ar nórdico abrasileirado que lhe caiu no goto - e, claro, jamais poderia ser tuga) e juro que a minha alma vomitou um bocadinho.
... também fiquei pasma com aquela do
filho rapaz, e debati logo com o fecho eclair se faria algum sentido que fosse um
filho rapariga...
Agarrei no pão, chamei a miúda e arranquei dali para fora antes que sobrasse para mim a gula de solidão do velhote ou os comentários mordazes da dona que me irritam de sobremaneira
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