Karma on the Rocks

A demora abate-se sobre mim e a diversidadede sentimentos toma posse da minha alma. É absolutamente inconcebível a facilidade com que a expectativa de um toque toma conta de nós e não nos deixa pensar.

Enquanto oiço um velho amigo que uiva palavras de amor, palavras que doem, tento encontrar uma razão para todo o turbilhão que vive na minha cabeça, toda a sensação de abandono que se aloja no meu corpo.

Esta sensação que tarda e não me deixa descansar é efémera, pois não é um toque, não é um sorriso, é apenas a confirmação de um pensamento. E se não chega dá a ilusão de indiferença a tudo o que me faz feliz.

E depois vem esta incapacidade de escrever o que sinto neste preciso momento, apesar de toda a necessidade que tenho de soltar nestas linhas que fogem à medida que a minha arma vai avançando, agora mais veloz, pela folha, a dor que sem dó se apodera desta que agora te escreve.

Tento assim conter o impulso de mandar tudo pelos ares, de destruir tudo o que tento construir neste passado recente, neste momento fugidio e intenso que me consome a fluidez de pensamento e me deixa tão desamparada e vazia.

Esta não é a realidade que quero viver, este não és tu. Não podes ser tu... Esta dúvida que não cessa de crescer, este desengano. O desepero que se apossa de mim, a veneração que se torna ténue e que me faz deitar a cabeça na almofada e desejar não pensar, desejar não sentir...

Não há forma de te fazer entender o que sinto e a necessidade que tenho de viver as coisas ao limite, muito menos de conseguir explicar a mim mesma porque é que não rasgo simplesmente a imagem que tenho neste momento de mim mesma.

Se a incongruência e a instabilidade não servirem amanhã para entender o que agora escrevi, que tenha ao menos servido para atenuar o que não consegui nestas linhas explicar...

Não acredito que me estejas a fazer isto, não acredito que este sejas TU.

E continuo a implorar por mais um momento de ilusão, ainda que fugidia, por um momento com o teu pensamento, contigo, connosco...