Ora pois!

Lua, pedinchona: Mãe, quero vestir-me...
Eu, com uma gargalhada: Agora?? Agora já é de noite, já não vale a pena...
Lua, chorosa: então porque é que não me vestiste antes?!?!
Eu, simplesmente eu: Porque estavas ali no pufe a dormir...
Lua, furiosa e uns décibeis acima do normal: Eu não estava a dormir!! Já disse que estava só com os olhos fechados muito tempo!!

Há cinco anos

Há cinco anos demorava-me a olhar para Ti. Preguiçosa. Incrédula.
Eras minha, finalmente a meu lado, ao alcance da minha mão, do meu beijo, do meu olharemorava-me a olhar para ti e perguntava-me como iria ser a partir daí.
Há cinco anos ( e alguns dias, para ser precisa) aprendi que a noite de passagem de ano não é mais que um mero ritual. Aprendi que a importância dessa noite é irrelevante, é nula.
É apenas mais uma fraude comercialmente e socialmente bem aceite.

Não é nada.

Comparada com a maravilha que é ser tua mãe.

(30 Dezembro 2002 o dia de todos os sorrisos)

Desvarios da meia noite

Meia noite e picos, já 2008. Ano ansiado, ano demorado.
Doze passas na mão.
Há que pedir desejos... 1, 2, 3, 4, ... os básicos, os de sempre, os politicamente correctos, os que teimam em não vir...

Caraças! Foi o primeiro ano que me pareceu que os doze desejos eram infindáveis, que me custou saber o que pedir, que me arrastei sem saber o que pensar.

Foi a primeira vez... desejos atabalhoados, nada premeditados, as passas a colarem na mão, a cabeça a mil à procura de mais um, que não se pode desperdiçar desejos - que não se pode desperdiçar nada que Eles não deixam (só trezentos mil euros em fogo de artifício - tanta gente sem ter o que comer...)- só mais um, só mais um, na ânsia de os ver já realizados.

Demorei-me.

Para horas depois realizar: 'como é que não pedi isto???'

Mas já me esqueci... não devia ser de sobeja importância.

...

pai: Lua, já cheira mal outra vez!! E foste tu!
Lua: Vá, cheira depressa que mais logo acaba-se!
eu:??????