segunda-feira, maio 08, 2006

Balde de água fria

Na sexta-feira levei um banho de realidade.
Nao foi um banho de realidade desconhecida, mas nao deixou de ser deveras perturbador.
Alguns de voces já sabiam que na sexta-feira era o encerramento da semana cultural do concelho e, nesse ambito, o jardim de infancia que a minha filha frequenta decidiu ensaiar nas aulas de motricidade uma coreografia a apresentar.
Bom, até aqui tudo bem. A pequenada andava entusiasmada e as familias foram informadas do evento e convidadas a comparecer.
Lá fui eu toda orgulhosa da minha princesa que, ao ver-nos a mim e ao pai, acabou por nao participar activamente na coreografia, preferindo ficar junto de nós.
Nota mental: da próxima vez nao a deixarmos ver-nos (ainda que seja uma faca de dois gumes, já que ela verá os pais dos coleguinhas e ficará a pensar que os dela nao vao...)
Os pais estavam lá, sorridentes, a apoiar os filhotes.
Mas nem todos... Infelizmente.
Soube quando estava de saída que os pais de uma amiguinha da minha filha nao compareceram. Pior. Nao atendiam telefone de casa nem telemoveis. Alvitrei: "Se calhar aconteceu alguma coisa..."
A resposta veio pronta, após alguma insistencia: "Nao. Já nao é a primeira vez. Aliás ainda a semana passada foram a Tribunal de Menores. A Assistente Social anda doidinha para lhes tirar os filhos, e parece que já nao há-de faltar muito."
Fiquei sem palavras.
A reproducao da conversa nao é textual, mas a essencia é esta.
Pura e simplesmente parecia que nao queriam saber. Que nao era importante.
A hipótese de um lapso nao se coloca, pois o combinado era que as criancas autorizadas pelos pais a participarem na coreografia permaneceriam na escola e, posteriormente os pais juntavam-se a eles. Isto por volta das 17h30. Regressariam a casa na companhia dos pais, já que dado o avancado da hora, o transporte escolar estaria indisponível. As criancas nao autorizadas regressariam a casa, no transporte escolar, tal como todos os outros dias, no horário estipulado.
A carinha da crianca ficou-me gravada, no momento em que a auxiliar ia com ela ao encontro da Educadora para solucionarem o problema.
Casos como este, infelizmente, há muitos. Mas é estranho, revoltante e doloroso quando nos deparamos com uma situacao destas tao pertinho de nós...

6 Comments:

Blogger Tonixa La Rua said...

eu, por muito ocupada que estivesse, suspenderia tudo para ir ver a minha filhota (caso tivesse uma) participar numa festita da escolinha... lembro-me o quão inchada de orgulho ficava quando nas festas da minha escolinha via os meus pais no público... era uma sensação do melhro que há... e os mimos a seguir? ui, era a recompensa extrema...

nem consigo conceber uma realidade diferente... porque, por muito trabalho que os cotas tivessem (e acreditem que tinham e têm, felizmente) estavam lá sempre, de mákina fotográfica em punho...

segunda mai. 08, 01:06:00 da tarde  
Blogger Salta Pocinhas said...

Exactamente... Eu pedi para sair uns minutos mais cedo. É tudo uma questao de prioridades.
Infelizmente neste caso parece ser uma questao de prioridades trocadas...

segunda mai. 08, 01:08:00 da tarde  
Blogger Tonixa La Rua said...

... nem eu te imaginava a fazer outra coisa!

Pedes pa sair uns minutos mais cedo um dia e compensas no outro, nada mais fácil!

segunda mai. 08, 01:11:00 da tarde  
Blogger Maríita said...

Não é de hoje essas situações, o que se passa é que hoje estamos mais atentos e antigamente, porque havia mais família, as pessoas revesavam-se a tomar conta das crianças.

A nossa Lua não quis ir para as luzes da ribalta? hum, nem parece dela...
Beijocas

segunda mai. 08, 03:48:00 da tarde  
Blogger Andorinha said...

Se soubesses quantas crianças há nessas circunstâncias e quão lindas de morrer e mortas por um pouco de atenção q elas têm...até tinhas um colapso. Ou melhor,todos sabemos q existem, mas lidar com elas quase nenhum. Eu penso q já te tinha dito q faço voluntariado exactamente com este tipo de miúdos.Não é fácil, é complicado.Vamos lá animar as crianças uma hora por semana e no final do ano temos os campos.São miúdos cheios de traumas, difíceis, mas com tanta ternura pra dar e receber que é uma coisa q preenche, enche, transborda dentro do peito. Os meus amigos estão à beira do desespero pq já não me podem ouvir falar sobre as coisas q eles dizem, mas eu tou-me a borrifar! Se pudesse levava 5 pra casa!!! Tivesse eu dinheiro pra poder untar as mãos dos cabrões q dificultam a adopção e dinheiro pra ter os putos todos q ias só ver!!Ai se eu fosse rica! Ai se me sai o euromilhões!
O sorriso deles vale qq coisa, e cada vez q lá entro me pergunto pq estranhos motivos lá estarão, como é que os Pais os podem ter abandonado...qdo às vezes descubro, juro q preferia não saber o porquê!Filhos da P***! Eles têm noção de como os miúdos falam deles?! Uma paixão, adoração avassaladora!Os olhos brilham qdo dizem: a minha Mãe veio cá!!!
Não sei, não entendo.

segunda mai. 08, 06:57:00 da tarde  
Blogger smile said...

É, essencialmente, revoltante... :(

=)
http://tascatimanel.blogspot.com/
http://omeureduto.blogspot.com/

segunda mai. 08, 07:21:00 da tarde  

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