«(...) todos os dias passados foram vésperas e todos os dias futuros o hão-de ser. Tornar a ser véspera, ao menos por uma hora, é o desejo impossível de cada ontem que passou e de cada hoje que está passando.»
O passado mal resolvido dá-nos por vezes muito que pensar... o que deveríamos ter feito, como o deveríamos ter feito... coisas que tantas vezes ficam por dizer, só porque temos pejo em revelar sentimentos, em descobrir o véu da nossa alma, o pulsar da nossa esperança.
Nestes últimos dias, houveram situações que me levaram a pensar nisto e em tantas outras coisas. Em coisas que não disse, em gestos de carinho que não dei, em palavras que não pronunciei...
Sonhos que tive, coisas que escutei, palavras que li, corações que invadi, intimidades que desvendei. Tudo isto me fez ver coisas diversas vezes pensadas, mas nunca antes pronunciadas.
Na impossibilidade de desvendar toda a minha intimidade, aqui presto homenagem à minha família que amo tanto, aos meus amigos de sempre, aos mais recentes mas ainda assim revestidos de uma importância devastadora, aos bloggers que acompanho, ao meu amor, e, sobretudo, à minha filha! Que é o meu Mundo, a minha Vida, a razão do meu Viver...
E aqui assumo que por vezes magoo quem me ama... também eu sou humana, que raio! Mas não deixo nunca de amar.
E assumo também (e por muito que me custe admiti-lo) que compreendo, do fundo do meu coração, as ternas palavras que o Pedro dirige ao seu pai através do seu blog, quando diz não saber viver com essa perda que, cada vez mais, parece assumir contornos desmesurados e se reveste de uma certeza que não queremos admitir.
Amo-te muito filha!
«Nenhum dia conseguiu ser véspera durante todo o tempo que sonhava.»
citações in A Caverna, José Saramago
pp 274