Num passado recente e distante
Essa menina fazia parte do dia-a-dia de muitos. Da família, dos amigos, daqueles que privavam com ela e daqueles que todos os dias se sentavam em frente ao monitor ávidos de novidades, de desenvolvimentos na história daquela menina que não conheciam mas de quem gostavam mais e mais a cada dia que passava.
Com ela viveram exames, entregas de trabalhos, prazos a cumprir. Viveram alegrias e tristezas. Viveram amor e solidão. Viveram. E o facto de não se conhecerem nada atrapalhava. E era bonita essa relação.
Quando houveram atentados em Londres, muitos correram para o computador para saber dela. E fizeram uma vigília até saberem de "viva letra" que estava bem, que se emocionava com a preocupação. Houve homenagem, houve estreitamento de laços, houve amizades virtuais que saíram fortalecidas.
E a menina lá ia seguindo o seu sonho, lutando a cada dia. E as peripécias que se sucediam sempre.
Até ao dia em que o perigo espreitou. Em que a segurança dela tremeu. E se alguém lê e interpreta mal? E se alguém lê um desabafo e me prejudica. Os 'ses' levaram a um recuo. Deixar de escrever. Deixar de dar a ler uma vida. Atirar tudo pelo ar para preservar o sonho. Venceu a password. E venceram todos um bocadinho. Só um bocadinho.
Quando abriram os olhos havia uma mensagem. Em tudo igual às outras. Em tudo diferente. Não era uma despedida. Não era um Adeus. Não era um até sempre. Era apenas mais um episódio da vida dela. E tantas mensagens. Dia após dia. Preocupação crescente...
Quando tornaram a abrir os olhos já nada restava. This blog no longer exists. E assim se fechava uma porta.
Houve contactos, houve emails. Houve amigos a contactarem outros leitores. Onde está ela? Alguém sabe?
Há muito, muito tempo havia uma menina de nome português e sonhador. De sorriso e palavra fácil. De coração nas mãos. De verdade na boca: Verdade de Maria Lua.
Nunca mais li ninguém como a lia a ela. Nunca mais 'conheci' ninguém como ela. Mas hoje ao abrir o contador vi uma pesquisa no google que veio dar ao meu blog. Seria alguém que a procurava? Seria ela?
Não sei. Mas gosto de pensar que sim. Gosto de acreditar que ela continua a visitar-nos um a um. Gosto de acreditar que a Maria Lua não se esfumou no éter e que algures continua a encantar.
Tenho saudades miúda!
Etiquetas: virtualidades